
Rush – O que você acha de Test for Echo?
Por: Tânios Acácio – Criador do Portal Rush Brasil
Bate-papo (blá-blá-blá): Falecimento de Peter Collins e Test for Echo (parte 1) – 02 de julho/2024
Bate-papo: Debulhando Test for Echo – parte 2 (final) – 16 de julho/2024
Jamais escondi que Test for Echo é meu álbum menos preferido do Rush. Já falei com alguns amigos que achava o álbum ruim, um acidente de percurso da banda, “uma bola fora”. Hoje acho o disco mediano e sim, ainda é a última escolha da minha prateleira.

No respeitado site Ultimate Classic Rock, Test for Echo aparece na posição 19, dos 19 álbuns de estúdio do Rush, e há ofensas escabrosas sobre como: “Se algum álbum do Rush parece ter sido sonâmbulo, é o esquecível Test for Echo de 1996. Mesmo os seus destaques – o título do título, “Half the World”, “Virtuality” – canibalizaram peças sobressalentes e ideias antigas, como um cartucho de impressora vazio ou um eco cada vez mais chocho, mais chocho, mais chocho.
Listas são listas, e não devemos levar isso a tão sério já que há fãs que se identificam com o disco. Veja que Candice Soldatelli – tradutora dos livros do Rush – conta que “The Color of Right” está entre suas músicas prediletas do power trio, e por isso, postamos aqui uma homenagem a Candi com o vídeo do Neil Peart tocando essa música.
Bem, vamos falar de curiosidades a respeito de Test for Echo
Capa:
A capa do álbum, criada por Hugh Syme, apresenta um inukshuk na neve, que é a figura de pedras empilhadas tradicionalmente usada pelos povos indígenas do Ártico como ponto de referência ou marcador.
Produtor e Engenheiro de som
A produção de Test for Echo foi de Peter Collins, que já havia trabalhado com a banda em álbuns anteriores, e do engenheiro de som Andy Wallace. Collins trouxe sua experiência e visão para o projeto, enquanto Wallace foi responsável por dar ao álbum um som orgânico e enérgico, e o mais incrível ele tinha “Nevermind” do Nirvana no currículo.
Cada membro da banda estava em um momento particular de suas vidas durante a gravação de Test for Echo. Geddy Lee estava se dedicando à família, com a chegada de sua filha Kyla, enquanto Alex Lifeson explorava novas direções musicais, inclusive lançando um álbum solo sob o nome de Victor. Neil Peart, iniciara suas aulas com o todo-poderoso baterista Freddie Gruber que lhe deu aulas técnicas de jazz. “O Professor” também estava imerso em suas viagens e crônicas, buscando novas inspirações e experiências.
Músicas
A faixa-título “Test for Echo” abre o álbum com uma combinação de riffs poderosos e letras reflexivas. A colaboração de Pye Dubois, que já havia contribuído para clássicos como “Tom Sawyer”, trouxe uma profundidade adicional à composição. A música aborda temas de comunicação e isolamento, refletindo a busca por conexão em um mundo cada vez mais fragmentado.
“Driven” é de fato uma das faixas mais energéticas do álbum, destacando-se pela experimentação de Geddy Lee com três canais de baixo. A música é um exemplo claro da habilidade da banda em combinar complexidade técnica com acessibilidade melódica e tem esse clipe muito doido que você pode assistir acima.
“Half the World” é quase uma balada. Ela explora a dualidade e as desigualdades do mundo moderno. A letra de Neil Peart é uma reflexão sobre as disparidades sociais e econômicas, enquanto a música combina elementos acústicos e elétricos para criar uma paisagem sonora rica e envolvente.
“The Color of Right” (aquela canção que a Candice adora) trata-se de um termo jurídico que Neil captou de conversas com sua filha Selena que estudava direito. “Colour of Right” é um termo jurídico usado em que justifica um ato questionado, onde o acusado alega uma boa razão para sua atitude sem intenção criminosa. Peart explica que encontrou nesse termo uma metáfora perfeita para ilustrar as diversas percepções do que seriam atitudes verdadeiramente corretas. A letra aborda a busca pela verdade e a luta contra a injustiça, temas recorrentes no trabalho de Peart.

“Time and Motion” é uma das faixas mais complexas do álbum, tanto liricamente quanto musicalmente. Neil aqui explora a relação entre tempo, mudança e vida extraindo a famosa metáfora do Super-Homem do filósofo Nietzsche. Este tipo superior de homem é aquele que supera todas as ilusões e valores tradicionais, voltando-se para a Terra e atribuindo um novo significado à vida terrena.
Destaco aqui Alex Lifeson com um bom solo que é ao mesmo tempo técnico e emocionalmente ressonante.
“Totem” é uma faixa que mistura elementos de rock progressivo com influências de música mundial. A letra de Peart é uma meditação sobre espiritualidade e religião (tema recorrente nas letras do baterista do Rush) buscando seus contrastes. Peart comentou uma vez: ” Os elementos dos anjos e demônios surgiram de um autor que certa vez traçou um ótimo paralelo entre o bom Pateta e o mau Pateta, como retratado nos desenhos animados da Disney. Havia um bom Pateta no ombro dizendo para ele fazer coisas boas, e um mau Pateta dizendo para fazer coisas ruins. No que diz respeito a anjos e demônios, sem dúvida acho que nós todos temos.”
“Dog Years” é uma música super esquisita da banda (prefiro Tai Shan do que Dog Years by the way) e Neil já confessou que sua inspiração veio num momento de pura embriaguez. Ele comentou que uma colunista do New York Times disse que estava cansada de viver 7 anos como se fosse 1 ano, ou seja, na mesma unidade-tempo de vida de um cão.
“Virtuality” aborda a ascensão da internet e suas implicações, uma visão bastante à frente de seu tempo. A letra de Peart explora os efeitos da tecnologia na comunicação e nas relações humanas, enquanto a música combina riffs pesados com uma melodia cativante.
“Resist” é uma balada rara e exuberante para os padrões do Rush, destacando-se pela sua estrutura inovadora e pela apresentação acústica durante a turnê Vapor Trails. Resist é sempre citada nos fóruns sobre a banda como uma das melhores músicas do Rush in Rio. A letra de Peart é uma reflexão sobre a resistência e a perseverança, enquanto a música apresenta uma melodia delicada e emotiva. A faixa é um destaque do álbum, mostrando a versatilidade da banda.
“Limbo” é bem legal, a meu ver porque tem aquela pegada experimental. É uma música instrumental, uma montagem de partes soltas que os membros da banda tinham guardadas, resultando em uma faixa casual e esfarrapada. Esse é um bom exemplo da capacidade do Rush de criar paisagens sonoras complexas e envolventes, mesmo sem a presença de letras.
“Carve Away the Stone” fecha o álbum com uma reflexão sobre a superação de obstáculos e a busca por significado. A letra de Peart é inspirada na mitologia grega, enquanto a música combina elementos de rock progressivo com uma melodia cativante. A faixa é um final apropriado para o álbum, encapsulando os temas de luta e perseverança que permeiam Test for Echo.
Confira o papo que rolou na 92FM, entre Dino Cardoso, apresentador do Rock Resenha e Tânios Acácio, do Portal Rush Brasil: