
“Não teremos mais clássicos!”
O rock, que dominou o cenário musical global por décadas, enfrenta já há alguns anos uma transformação radical, e muito dessa transformação deve-se ao impacto das plataformas digitais nos hábitos de se consumir música.
Antes da era digital, os fãs de rock frequentemente adquiriam álbuns físicos e dedicavam tempo para ouvir faixa por faixa. Hoje, a música é frequentemente consumida de maneira fragmentada, com playlists, algoritmos de recomendação e streaming on-demand sendo a norma. Isso significa que as faixas individuais ganharam mais importância do que os álbuns completos, o que desvaloriza a natureza muitas vezes conceitual e contínua dos álbuns de rock.
Além disso, as plataformas digitais abriram a porta para uma abundância de novos gêneros musicais e artistas que competem pela atenção do público. Com um catálogo quase infinito de música disponível instantaneamente, os ouvintes estão constantemente à procura do que é novo, diferente da escassez de outrora, onde um single era trabalhado exaustivamente nas rádios ou rodava na vitrola até furar o disco, uma vez que nem todo mundo tinha um acervo expressivo de álbuns em casa.
Tudo hoje é muito passageiro, descartável. Uma nova música ou um novo álbum, não tem tempo de serem mastigados, digeridos. Vivemos um fast food musical. Além disso o “rockeiro velho” não tem saco para novos artistas, preferindo ficar na sua eterna bolha e os jovens que seriam a renovação, estão noutra vibe e por isso, acredito fortemente que não teremos mais clássicos, que se ouvidos daqui 30, 50 anos, não terão alguma relevância ou conexão com os velhos do futuro, como acontece ainda hoje.
Mas não sejamos tão pessimistas, nem tudo mudou para pior. A facilidade de acesso a bibliotecas musicais extensas permitiu que novos públicos descobrissem as lendas do rock e explorassem sua rica discografia. Muitas bandas e artistas de rock ainda mantêm uma presença sólida nas plataformas de streaming e continuam a ser ouvidos por milhões em todo o mundo.
Abaixo, um trecho desse assunto, durante o Programa Transtornados: