Multiverso Banner Home Mobile 2-2
Produtor e Maestro: Termos banalizados!

Produtor e Maestro: Termos banalizados!

 Por Jacques Finster

Produtor musical

É muito comum ouvir o termo produtor. A maioria fica em um plano muito vago e mesmo profissionais se reportam ao termo de maneira bastante vaga. Vou exemplificar usando o meu conceito artístico.

Meu lance é ser um artista pop multimídia e isso envolve conceito, auto imagem, performance de palco, voz, instrumentos, letras, composição, engenharia de áudio e de timbres, efeitos de reverberação, ecos, modulação, filtros, equalizações, compressões, acústica, técnica instrumental, direção artística, direção dos ensaios de coreografias, figurinos, iluminação, direção de palco, sonorização de show, parte visual em encartes, direção de vídeos e assim por diante.

Na história da música pop, a indústria sempre buscou recrutar pessoas que tinham boa aparência, voz, carisma e performance de palco e um exército se encarregava do resto. Muitos artistas não compõem música, arranjos, timbres, letras e etc. Produtores atuam muitas vezes em uma fatia do processo, mexem na forma da composição, nos arranjos e orquestrações, mas nada sabem sobre a parte tecnológica e vice-versa.

A questão autoral é extremamente dúbia também no cinema, pois o diretor muitas vezes não escreveu a história, não fez a fotografia, direção de arte, música e montagem. Assim, créditos injustos são conferidos. Michael Jackson era um bom cantor, bom performer e compunha algumas músicas mas, assim como a maioria, seu trabalho era fruto de um exército. No meu caso, em todas as áreas existe o meu controle, posso em determinado momento não “digitar o texto” mas ele é ditado por mim. 

Nesse vídeo, Peter Gabriel mostra o processo de produção de seu quarto álbum, em 1981.

   

Maestro/regente

Li há muito tempo em uma revista “conceituada”, um texto crítico de um jornalista desqualificando o papel do maestro, dizendo que a sua presença não era necessária na apresentação e achava ridículo os salários altíssimos. A absurda falta de conhecimento desse profissional me revoltou.

No momento da apresentação, talvez o maestro seja dispensável. Nessa hora, ele exerce a arte da regência, traduz em gestos todos os eventos sonoros, compassos, andamentos, dinâmicas, interpretação, ligação entre as notas, e por assim por diante. Mas são nos ensaios que o seu papel é fundamental. Inicialmente ele terá que estudar a psicologia do compositor, seu momento histórico no ato da composição, as intenções da obra, sua filosofia.

As questões de andamentos e velocidade da execução, as dinâmicas e intensidade das notas, seus caráteres (singelo, dramático, melancólico, saltitante, pastoral, urbano, etéreo, atmosférico), e mais uma infinidade de intenções e emoções que se alteram devido as mudanças na interpretação, além do equilíbrio dos volumes dos naipes dos instrumentos, combinações de timbres e etc. A partitura não é muito especifica, embora a notação aborde todos esses parâmetros, ela deixa muita subjetividade à cargo do maestro que precisou buscar parâmetros, históricos, estéticos e psicológicos, para imprimir uma interpretação o mais fiel possível.

É um trabalho de extrema complexidade, rigor e sensibilidade, que obviamente deverá contar com o refinamento técnico e interpretativo dos músicos bem como a qualidade dos instrumentos utilizados. Sempre fui muito “chato” nos ensaios, pois mínimas alterações nos andamentos e na maneira como a nota é tocada podem alterar totalmente o significado, a intenção e a emoção que se quer passar. 

Sobre o autor:

Jacques Finster iniciou sua carreira musical aos três anos de idade, cantando na rádio no programa do saudoso Clésio Búrigo. Teve várias bandas, trabalhos solo, lecionou e produziu eventos culturais. Teve um programa de variedades na Net e foi colunista do jornal “A Tribuna”. 

Confira seu trabalho solo “My World” em youtube.com/@jacquesfinster6212

Ver mais em Programas

WHATSAPP 92FM!
+55 48 98441-0010